#Aqui tem design – Beto Concenza apresenta o trabalho cerâmico do multiartista André Estavaringo
Por Beto Cocenza
Fotos: Divulgação e Cris Vidal (retrato)
André Estavaringo é uma dessas figuras que nascem com o DNA voltado para as artes. Neurônios, veias e músculos dedicados ao universo criativo. Para ele, não basta grafitar os muros da metrópole paulistana, produzir pinturas e fazer cerâmica.
Sua devoção e energia também são canalizadas para o grande ofício de ensinar. Sua arte, um tanto lisérgica e colorida – sejam desenhos, pinturas ou murais –, nos remete aos painéis e Kombis do Festival Woodstock, aos metrôs novaiorquinos das efervescentes décadas de 1970 e 1980, e, obviamente, ao maneirismo do mestre italiano Giuseppe Arcimboldo.
Arriscaria dizer que os notáveis muralistas latino-americanos, como Clemente Orozco, Diego Rivera, Brennand, Portinari e a nossa grande dama Tarsila do Amaral fazem parte de seu universo criativo. Em
seu liquidificador onírico, as influências das ruas, do grafite nacional, formas da natureza e toy art
completam este amálgama.
Sempre questionando-se sobre o que é perene e o que é efêmero, pesquisa processos e técnicas milenares de produção artesanal. Pirei em suas cerâmicas. Esse tipo de peça tem se tornado uma certa fixação em meu universo; escrevo colunas e mais colunas sobre o tema e me surpreendo a cada descoberta.
A ceramista Cida Lima, do agreste pernambucano, e Picasso estão de alguma forma presentes em suas cabeças, vasos e potes provocadores. O processo e os materiais conferem singularidade a cada uma dessas obras, queimadas a lenha e confeccionadas com argila local. Cada criação é única, cada emoção e
gestos são únicos, cada peça é uma verdadeira obra de arte.
*Patrocinada pelo Club&Casa Design