#Club&Casa Home – Entrevista com Guto Indio da Costa: tecnologia transforma o design em ecossistema físico e digital
Antenado, o designer Guto Indio da Costa está atento às inovações tecnológicas e à mudança de paradigmas do mundo e da própria profissão.
Texto: Angela Villarrubia
Fotos: Divulgação
Rodeado de arquitetura e decoração desde o berço, Guto Indio da Costa mergulhou no universo do design de produtos ao participar de um concurso estudantil internacional, promovido pela Sony, e ficar entre os doze vencedores.
Ao notar que sete dos contemplados eram alunos do Art Center College of Design (com unidades na Suíça e nos Estados Unidos), tomou a decisão de reiniciar seu aprendizado nessa instituição, mudando-se para o país alpino e, posteriormente, realizando um ano de intercâmbio no campus da Califórnia. Essa experiência lhe abriu portas: fez estágios e trabalhou no começo da carreira com profissionais do porte de Jacob Jensen e Alexander Neumeister, morando na Dinamarca, Alemanha e França. Filho do arquiteto Luiz Eduardo Indio da Costa e da decoradora Ana Maria Indio da Costa, desde 1996 trabalha com o pai.
Na Indio da Costa A.U.D.T (siglas para arquitetura, urbanismo, design e transporte) exibe uma longa lista de prêmios, mas também mantém diversos estudos que nunca saíram do papel. “O design é uma profissão perdulária: geramos muitas ideias para, de fato, desenvolvermos uma só. Muitas vezes lamentamos que a solução escolhida não é a que apostávamos, preferíamos ou considerávamos a de maior potencial, a mais ousada”, observa o profissional, que já viu seus conceitos descartados, guardados na gaveta, surgirem tempos depois no mercado com molde parecido, por meio de outros designers e marcas. Coisas da profissão.
Ele vê o futuro do design de forma ampla e abrangente. Na verdade, enxerga o presente dessa forma. Hoje, já não cria “apenas” o produto em si, suas formas, cores, texturas e acabamentos. A atividade se sofisticou e se transformou em algo mais complexo. “Atualmente desenho o ecossistema”, assinala. E o ecossistema é físico e digital. “Repensamos a maneira como o produto é comprado, distribuído e usado”. Ele confessa que poucas fábricas estão prontas para isso, e não se refere apenas às do Brasil.
Mas também acredita que é momento de despertar, especialmente com a chegada do 5G. “É a maior revolução de nosso tempo. A comunicação irá para o mundo dos produtos. É tão brutal que muitas pessoas e marcas ainda não entenderam, não se ligaram no que isso pode trazer”. Ele se refere à internet das coisas. Dentro dessa sintonia, seu projeto mais arrojado é o My City Smart, desenvolvido para a The Placemakers (ex-Metalco), no qual o mobiliário urbano se torna ponto de ancoragem para a rede de conectividade das cidades. “Estamos em um momento fantástico da humanidade, disruptivo, cheio de oportunidades. Mas, para isso, é preciso treinamento, educação e aculturamento”, finaliza, de olho no amanhã.