#Club&Casa Home – Entrevista com Roberta Banqueri: design de produtos ressignifica valores pessoais e profissionais

Depois de 20 anos de carreira na arquitetura e nos interiores, Roberta Banqueri resgata sonho de menina: o desenvolvimento de produtos!

Texto: Angela Villarrubia

Fotos: Paulo Sérgio e Gui Gomes/Divulgação

A arquiteta e designer paulistana Roberta Banqueri. Foto: Gui Gomes/Divulgação.

Não é fácil mudar o foco na profissão após mais de 20 anos de trabalho. Isso exige preparação, persistência e coragem, muita coragem, entre outros quesitos. Pois Roberta Banqueri reduziu a sua atuação nos segmentos de arquitetura e interiores para se dedicar a um sonho de menina: o desenvolvimento de produtos. Esse fascínio nasceu nas aulas de história do mobiliário, nas carteiras da Escola Técnica Estadual (Etec), em São Paulo, onde fez o curso de design de interiores.

Nascida em uma família humilde, desde cedo soube que somente os estudos mudariam a sua realidade. E assim foi. Enquanto cursava a faculdade de arquitetura, abriu seu primeiro escritório junto a três amigas. Em 2012, partiu para a carreira solo e fez pós-graduação em arquitetura hoteleira.

Há cinco anos, porém, sua vida deu um giro: uma fábrica a convidou para desenhar móveis contemporâneos. Queria viver aquela experiência, e não apenas ter mais horas de trabalho e preocupação. Dessa forma, deu uma pausa em seus afazeres habituais para mergulhar no novo universo. Atualmente dedica 80% de seu tempo a essa paixão e minimiza as aparições e a captação de clientes nos segmentos de arquitetura e decoração, “inclusive porque hoje sou parceira dos especificadores, não uma concorrente”.

“Tive medo, não sabia se era kamikaze. Me questionei se não era só cansaço”, confessa. Ela, que desenhava mobiliário, mas não o assinava, deu o pulo do gato em 2019, ao apresentar a coleção Ponto – nome carregado de simbologia –, para a todO, indústria de móveis, na feira Paralela Design, e, logo em seguida, na High Design Expo.

Foi sua primeira aparição pública como criadora de mobiliário, segredo guardado a sete chaves, já que nem os mais próximos sabiam de sua metamorfose. Tudo planejado tão discretamente que os lançamentos levavam a assinatura do seu estúdio Pontoeu. “Queria que vissem o resultado e o analisassem pelo produto, e não por quem o desenhava; entretanto, fui deixando cada vez mais a arquitetura e, quando lancei a linha, estava confortável para mostrar a cara sem medo e ouvir o que precisasse para crescer e me aprimorar”, observa a profissional.

Agora, lança a coleção Tupiniquim, para a Piu. A alcunha é um alerta: por que usar o nome desse grupo indígena como algo pejorativo? “Quero trabalhar com ressignificação, até porque eu vivo isso. Quero repensar crenças, valores, o que sinto e faço. É importante para o crescimento”.

Sofá Abapo, em referência à obra Abapuru, de Tarsila do Amaral pertence a coleção Tupiniquim, da Piu. Foto: Gui Gomes/Divulgação.
A Vitória Régia foi a fonte de inspiração para a Poltrona Régia Chaise (Piu). Roberta lembra que esta planta também era muito usada pelo paisagista Burle Marx (a foto foi feita no parque que leva seu nome, em São Paulo). Foto: Gui Gomes/Divulgação.
O Sofá Crio, soma de Cristo+ Rio, tem estrutura curva em peça única. Suas laterais funcionam como mesinhas. Ele versa sobre a cidade maravilhosa e os braços abertos do Redentor. Desenvolvido para a Piu. Foto: Paulo Sérgio/Divulgação.
Para representar as cidades, o Sofá Modular Urbi (Piu), como os volumes geométricos e retangulares no horizonte. Permite composição reta ou em L. Foto: Paulo Sérgio/Divulgação.
Modular, a versão para lounge do Sofá Fluu (Milar) é tipo ilha; também serve como divisor de ambientes, com assento dos dois lados. Foto: Paulo Sérgio/Divulgação.
O preferido de Roberta, o Sofá Pedra (Milar), de linhas orgânicas, tem estrutura de madeira em cinco formatos diferentes que permitem a composição de diversos layouts. É estofado em tecido. Foto: Paulo Sérgio/Divulgação.
Com linhas retas e simples, o Buffet Pele (todo) faz alusão à renovação trazida pela pele que descama. O aplique da porta pode ter revestimento diferente do corpo. Uma das peças premiadas de Roberta Banqueri. Foto: Paulo Sérgio/Divulgação.
Para áreas externas, a escultórica Chaise Zero (+55design) se desenrola para os dois lados da estrutura tubular de alumínio revestida de madeira teca. A espreguiçadeira de alumínio e tela sintética é leve e resistente a intempéries. Foto: Paulo Sérgio/Divulgação.
Os Pufes Migo, que também servem de mesinha, celebram no próprio nome a amizade. Com três opções de formato, podem ser revestidos em tecido ou couro e permitem diversas composições de layout. Da Milar. Foto: Paulo Sérgio/Divulgação.
Remete a uma aeronave a Mesa de Jantar Asa (todO), leve e com proporções precisas. Seu tampo permite diversas configurações de materiais (na imagem, lâmina de madeira natural freijó e mármore nero marquina). Estrutura desmontável em aço carbono. Foto: Paulo Sérgio/Divulgação.
O Sofá Bulcão (Piu) é uma referência ao artista plástico Athos Bulcão, mais especificamente à pomba que aparece na azulejaria do mural da Igreja Nossa Senhora de Fátima, a primeira construída em alvenaria em Brasília. Realizado em peça única, com formato fluido. Foto: Gui Gomes/Divulgação.
A transformação de Poltrona em Chaise Faz da Limi (Piu) um móvel multiúso, que não aceita limitações. Basta soltar as amarras! A foto foi feita em uma casa de arquitetura modernista assinada por Ruy Ohtake. Foto: Gui Gomes/Divulgação.
Em uma referência ao chapéu dos catingueiros – feito de couro animal, em formato de cuia – a Poltrona Caati (Piu) tem estrutura tubular em metal, revestida de couro ou tecido. Foto: Paulo Sérgio/Divulgação.
Com estrutura de madeira maciça e delgada, a Poltrona Vale (+55design) tem assento baixo e inclinado, em couro. A banqueta completa o conjunto. Foto: Paulo Sérgio/Divulgação.
Ritmo Leve (todO) é uma mesa de centro feita de tubos lineares de metal bem fino. Tem um revisteiro em chapa dobrada revestida de couro que se estende em uma bandeja. Foto: Paulo Sérgio/Divulgação.

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