#Club&Casa Home – Com muito talento criativo e faro empresarial, Aristeu Pires é o analista que virou designer!
Ele deixou uma longa e bem-sucedida carreira na área da computação para abraçar sua paixão pelo design de mobiliário.
Texto: Angela Villarrubia
Fotos: /divulgação
Baiano de Campo Formosa, Aristeu Pires viu o design de móveis entrar em seu destino como um sopro, como um recomeço. Formado em Ciência da Computação – com graduação na Universidade de Brasília (UnB), mestrado na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e 25 anos de serviços prestados em empresas como Serpro e Oracle –, despertou para a área criativa ao desenhar uma mesa e cadeiras para seu apartamento e passar pelas turbulências da vida.
Assim, em 2002, iniciava a nova carreira e erguia sua própria fábrica. Aquele também foi o ano de criação de sua primeira poltrona (e a favorita de seu coração): a Gisele. “A peça tem traços do design escandinavo; mas, ao mesmo tempo, as cordas de algodão cru conferem brasilidade. Quem é que tem essas características? A Gisele Bündchen, com biótipo europeu; porém, quando ela fala, gesticula e anda, é uma mulher inconfundivelmente brasileira”, sorri o profissional, ao completar que a peça atinge a “maioridade civil”. “São 21 anos em 21 de dezembro de 2023. Ela ganhou o primeiro lugar no 21º Prêmio Design do Museu da Casa Brasileira [na categoria “Mobiliário”], o que foi anunciado para mim em 21 de novembro de 2007”, conta Aristeu, que experimenta uma série de coincidências com o número 21. Outra curiosidade: suas criações muitas vezes ganham nomes femininos; afinal, está rodeado por mulheres. São cinco filhas, cinco netas, cinco irmãs e alguns amores. Várias delas já foram homenageadas, além de amigas como a arquiteta Angela Basso ou Vera Beatriz Rodrigues, esposa do
designer Sergio Rodrigues, com quem cultivou amizade. E há ainda aquelas peças que remetem a celebridades (independentemente do gênero), como Yoko, Tarsila, Zaha, Caetano ou Jobs, o que prova que também há talento na hora do batizado.
Hoje em dia ele divide seu tempo entre a fábrica em Canela (RS) e a residência em Itajaí (SC) – e vê a sua marca crescer e ganhar visibilidade. Mesmo nos dissabores, Aristeu parece ganhar força para seguir adiante. Ele recorda que sua fábrica foi destruída, em 21 de julho de 2010, por um vendaval que alcançou a velocidade de 124 km por hora. “O curioso é que a única parede que ficou de pé era a que tinha o nome da marca [ou seja, o seu próprio]”, relata. Hoje, a nova planta, reconstruída no Distrito Industrial de Canela, soma 4.000 m² (o dobro da original), 90 funcionários e produção para abastecer o mercado nacional e internacional (atualmente, Estados Unidos e Canadá).
O que ele mais gosta na profissão é do processo criativo, enquanto o aspecto mais gratificante é a ideia da atemporalidade. Por isso, deseja fazer móveis que as pessoas queiram ter pelo resto da vida, o que ainda recai na questão da durabilidade dos produtos. Em sua fábrica, ele assegura que uma criação somente entra em linha ao passar no teste de resistência mais elevado, independentemente de sua finalidade (residencial, corporativa ou para espaços de grande afluência). É o design feito para apaixonar, ser funcional e permanecer.