Francis Kéré, prêmio Pritzker 2022, e o empoderamento social por meio da arquitetura

Conhecido por construir obras contemporâneas em comunidades de extrema escassez, o arquiteto, educador e ativista social é o primeiro negro a receber o Nobel da Arquitetura.

Tom Pritzker, presidente da The Hyatt Foundation, anunciou o vencedor do Prêmio Pritzker de Arquitetura 2022: o mais alto reconhecimento do mundo da arquitetura foi entregue a Diébédo Francis Kéré.

O arquiteto, educador e ativista social é o 51º vencedor do prêmio criado em 1979, o primeiro profissional negro a receber o Nobel da Arquitetura. “Por meio de edifícios que demonstram beleza, modéstia, ousadia e invenção, e pela integridade de sua arquitetura e gesto, Kéré defende graciosamente a missão deste Prêmio”, diz o comunicado oficial do Prêmio Pritzker de Arquitetura. Kéré foi reconhecido por seus desenhos pioneiros que priorizam a sustentabilidade da Terra, com o uso de materiais locais, e transforma a vida dos habitantes de comunidades de extrema escassez de recursos.

Escola primária no vilarejo de Gando, na Burkina Fasso (Foto: Erik-Jan Ouwerkerk/Divulgação)

“Uma expressão poética de luz é consistente em toda a obra de Kéré. Os raios de sol se infiltram em edifícios, pátios e espaços intermediários, superando as duras condições do meio-dia para oferecer locais de serenidade ou encontro”, diz o comunicado oficial do Prêmio Pritzker.

Raízes do talento

Nascido em Gando, Burkina Faso, em 1965, e radicado em Berlim, na Alemanha, Francis Kéré é o filho mais velho do chefe da aldeia e o primeiro da comunidade a frequentar a escola. Suas primeiras experiências com a arquitetura estão ligadas à sua sala de aula durante a infância, que não tinha ventilação nem luz natural, e ao espaço pouco iluminado, mas seguro, onde sua avó lhe contava histórias. Em 1985, mudou-se para Berlim com uma bolsa de estudos de carpintaria, aprendendo a fazer telhados e móveis durante o dia, enquanto frequentava aulas à noite. Recebeu uma bolsa de estudos para frequentar a Technische Universität Berlin (Berlim, Alemanha) em 1995.

Quando ainda estava na faculdade, em 1998, criou a Fundação Kéré para arrecadar fundos e defender o direito de uma criança a uma sala de aula confortável. Seu primeiro edifício, a Escola Primária Gando(2001), foi erguido por e para os moradores locais, que construíram cada parte da edificação à mão, guiados pelas “formas inventivas que mesclam materiais vernaculares e engenharia moderna” do arquiteto. Este projeto lhe rendeu o Prêmio Aga Khan de Arquitetura em 2004 e o levou a abrir seu próprio escritório, Kéré Architecture, em Berlim no ano seguinte. Após esse projeto, outras obras de ensino e saúde foram encomendadas em Burkina Faso, Quênia, Moçambique e Uganda. “Eu cresci em uma comunidade onde não havia jardim de infância, mas onde a comunidade era sua família. Todos cuidavam de você e a vila inteira era seu parquinho. Espero mudar o paradigma, levar as pessoas a sonhar e arriscar. Não é porque você é rico que você deve desperdiçar material. Não é porque você é pobre que você não deve tentar criar algo de qualidade, […] Todo mundo merece qualidade, todo mundo merece luxo e todo mundo merece conforto. Estamos interligados e as preocupações com o clima, a democracia e a escassez são preocupações de todos nós. Temos que lutar para criar a qualidade que precisamos para melhorar a vida das pessoas”, acredita Francis Kéré.

Escola primária no vilarejo de Gando, na Burkina Fasso (Foto: Erik-Jan Ouwerkerk/Divulgação)

Pavilhão SerpentinaLondres (Foto: Iwan Baan/Divulgação)
Escola Secundária Lycée Schorge – Burkina Fass (Foto: Francis Kéré/Divulgação)
Startup Lions Campus – Quênia (Foto: Francis Kéré/Divulgação)
Pavilhão Xilema – Estados Unidos (Foto: Iwan Baan/Divulgação)
Centro Médico – Burkina Faso (Foto: Francis Kéré/Divulgação)
Sarbale Ke – Festival Coachella de 2019 (Foto: Iwan Baan/Divulgação)

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