#Club&Casa Home – Fabricio Ronca: “Design é arquitetura em escala reduzida”

Memória afetiva, natureza, arquitetura e hibridismo são os elementos que conduzem o trabalho de Fabricio Ronca.

Texto: Angela Villarubia
Fotos: divulgação

O designer Fabricio Ronca segura o puxador Ascot, desenvolvido para a Pado.

Brincar com argila, pintar xilogravuras descartadas e desenhar fizeram parte da infância do arquiteto e designer Fabricio Ronca, que era levado pela mãe, então estudante de artes plásticas, às aulas, pois não tinha com quem deixá-lo. No meio de professores e alunos da Escola Guignard – UEMG (em Belo Horizonte), era a única criança naquele cenário vivaz, tendo a oportunidade de se deleitar e desenvolver esse dom tão precioso chamado criatividade. “Era bem divertido, como uma Disneylândia para mim”, sorri.

Fabricio Ronca nasceu em Ribeirão Preto (SP), mudou quando pequeno para Fru – tal e, logo, para BH (ambas em MG), onde passou sua meninez e adolescência, e de onde carrega o amor pelo folclore e pela arquitetura das cidades históricas. Depois foi para Rolândia e hoje mora na vizinha Londrina (PR). “Sou meio nômade”, afiança. Seu interesse pelo design surgiu porque “todo arquiteto tem o sonho de desenhar uma cadeira icônica – e comigo não foi diferente”.

Seus primeiros passos nesse mundo se deram durante um estágio no escritório de arquitetura de Marcelo Melhado e Marlene Ricci, que projetou um motel temático inspirado em cidades famosas. “Fizemos todos os detalhamentos, dos móveis à arquitetura. Cheguei a pintar até as cúpulas das luminárias à mão, uma por uma. Quando procuramos no mercado uma espreguiçadeira pequena para a área intima, não a encontramos e resolvemos criá-la. Uma indústria de Londrina a executou e, no ano seguinte, nos chamou para criar uma linha de quarto para a Abimad”, relembra.

Fabricio sintetiza suas fontes de inspiração no acrônimo MANAH: Memória Afetiva, Natureza, Arquitetura e Hibridismo. “Esses elementos me inspiram. Também gosto de misturar materiais, exercitar combinações, brincar com as temperaturas e equilibrar todo o conjunto. Desenvolvi uma técnica que chamo de termoestética, com a qual classifiquei os materiais entre quentes, frios e mornos. Terra, fogo, água e ar. Assim, é muito mais fácil harmonizar meus projetos”.

Entre suas peças preferidas estão as poltronas Fofa e Sella, que classifica como atemporais e com apelo comercial. As considera bem brasileiras, com linguagem revisitada. “São releituras de uma época, mas com roupagem mais contemporânea, que é um dos meus traços”, diz o profissional, que dedica 90% de seu tempo de trabalho ao design, e o restante à arquitetura. Um de seus preceitos é que “o design é arquitetura em escala reduzida”. “Busco a tríade Vitruviana, com forma, função e estrutura.

Se não tiver beleza, função e materialidade, não é arquitetura, que possui esses três pontos imprescindíveis. Se houver só função e estrutura, é engenharia”, assinala. Ao criar uma mesa, por exemplo, ele muitas vezes a desenha como se fosse um pavilhão, com laje protendida gigante, vão e pessoas embaixo. “Sempre tracei minhas peças assim, pensando em arquitetura”, conclui o profissional.

Uma das criações preferidas de Fabricio Ronca, a poltrona Sella está inspirada nas montarias dos Pampas gaúchos. Tem base de madeira torneada e estofado gomado em couro. Para a Salva Mobiliário.
Caffè é o delicioso nome das mesas de composição multifuncional, com formato que remete à biomimética e faz alusão à semente do café. Um friso com sulco proporciona a intersecção das peças, complementadas por um pufe lateral, criando harmonia e ritmo ao conjunto. Madeira laminada, pintura, tecido, couro e metal proporcionam um leque de acabamentos e combinações diversas. Para a Móveis James.
“Nantai é a montanha sagrada da ilha de Honshu [Japão], considerada por muitos a mais bela do oriente”. A inspiração para o banco Nantai vem “dos costumes e da arquitetura japonesa dos templos milenares, com elementos marcantes na peça”. Com estrutura de madeira, tem base de deck (para colocar os calçados), estofado e bandeja lateral em palhinha. Para a Tumar.
O carro bar Vello está inspirado “no design da vanguarda modernista brasileira, com traços do minimalismo”. Suas linhas
arrojadas foram reconhecidas e premiadas pelo A’Design Award, com medalha de ouro.
Sobre uma base que lembra um pedestal, a poltrona Girona tem estrurura de madeira com cintas em couro ou tecido que a abraçam em suas laterais. Para a Móveis James.
O Murano é uma união de carro bar com aparador, em uma proposta moderna e ousada. A composição de madeira, metal e couro dá requinte especial ao móvel, também disponível em outras opções de cores e acabamentos. Para a Tissot.
Fabricio gosta de beber da fonte dos móveis modernistas brasileiros, e a poltrona Fofa, outra de suas peças preferidas, é “resultado do trabalho e da lapidação de referências estéticas únicas da arte e da cultura” nacionais. Suas almofadas soltas repousam sobre uma base ergonômica de madeira.
Petra é o nome do conjunto composto por mesa de centro, lateral, bandeja e pufe, com formatos orgânicos e composição à gosto do usuário. Para a Tumar.
A poltrona Serrana, da coleção Bioma, faz alusão à região montanhosa do Rio Grande, trazendo nos braços e pernas as formas da serraria e dos vales gaúchos. Para a Salva Mobiliário.
Multifuncional, a escrivaninha Palma, que também faz de aparador, foi pensada para os novos usos dos espaços. Peça com traços de brasilidade, leve
e contemporânea. Estrutura em madeira, puxador em couro com detalhe em metal, divisórias e conexões para facilitar o trabalho no dia a dia. Para a Móveis James.
A pequena poltrona Villa, para áreas externas, é executada em madeira cumaru, com fitas náuticas e tecido aquablock. Peça leve e
atemporal, ideal para varandas e áreas de lazer. Para a Marê Mobília.
As arrojadas mesinhas laterais Tritan, com traços geométricos bem marcados e um jogo de desenhos contrastantes. Confeccionadas em madeira e metal.

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